Re: REVENGE ( FILLER)

3/1/2015, 21:44

Lentamente Connie virou o rosto até encará-lo sem o menor disfarce. Nesse ínterim a cabine deles passou dando um rasante na plataforma do London Eye e tornou a subir. A paisagem era iluminada e o vento balançava o cabelo de ambos, os cheiros se misturavam e Jhaeson poderia reconhecer estar louco, mas tinha a certeza que que agora descobrira com o que o aroma dela se parecia: com a pura e legítima baunilha, a orquídea de produção controlada cujas vagens são utilizadas em indústrias culinárias, cosméticas e muito mais.

Enquanto o olhar dela se fixava em seu rosto, lendo todas as características dele, traçando um perfil, analisando pontos com cicatrizes e detalhes fisiológicos naturais dele as pupilas dela piscaram entre roxo, lilás e verde, ganhando uma última incidência púrpura e voltando para a cor original. A reflexão durou tempo suficiente para que o semblante dela se suavizasse e mesmo sem ter tal conhecimento, seus olhos voltarem ao normal.

-- Então você é um lobisomem? E como tal acredita no conceito padrão de que me subjugaria facilmente? Interessante, eu os imaginei como criaturas austeras, dotadas de honrarias e muito discernimento. Também pensei nos bestiais que devem ter dificuldades para se portar mesmo diante de um poodle no cio. Agora esse tipo extremamente convencido realmente soa humano demais para o meu gosto...

A chuva finalmente atingiu aquele ponto, exclamações, correria, risos, tudo se ouvia, para ouvidos potentes como os deles até os passos apressados explodindo poças de água lá embaixo. O acessório protegeria sua cabeça se nela estivesse mas enquanto subia no brinquedo nem se lembrou de sua existência. Ondas de gotículas chicoteavam os dois e logo o som de trovões e a visão de relâmpagos rasgando o horizonte negro acabaria com o passeio, o controlador desligaria o equipamento na volta seguinte.

-- A resposta que preciso agora é... - ela teve que aumentar o tom da voz e apesar de não confiar cegamente nele sabia que não conseguiria se livrar dele sem um bom motivo, e ainda carecia de um - ... Quando pode me levar até aquele que me contactou? Não posso me demorar tempo demais aqui.

3/1/2015, 22:16

Um silêncio surgiu por alguns segundos enquanto mesmo que distraidamente, pelo menos parecendo isso Jhaesn fingiu não notar ela o observar buscando alguma coisa, talvez procurando uma abertura ou brecha, isso não era difícil ele deixava isso exposto propositalmente.

De canto de olho viu os olhos dela brincarem com diversas cores ate voltar a cor normal, pelo menos normal para um humano, logo as palavras se romperam dela, se ela tinha duvida que ele era um lobisomem esta havia se esvaído, ela deduzia que as palavras que Jhaeson dissera dela não ser capaz se devia a sua condição feminina pelo menos foi o que dera a entender, e como ela descreveu imaginar os lobos o fez se controlar para não rir diante dela, assim que encerrou ele disse:

― Lobisomens são mais misteriosos do que você imagina, o que se ouve em historias ou filmes não é nem 50%, apesar de algumas coisas baterem por coincidência ou não, os lobos não possui honrarias eles são um exercito único e integrado quem os honra são os homens com a pele de lobo, a parte dos animes eles temem o poder dos lobos, e o cio de um Poodle não e problema, como pode ver você pouco me notou além de um cara chato, isso serve pros animais eles só sentem o que permitimos, quando disse você que não me derrotaria não foi convencimento mais uma constatação, por sua postura acredito que foi bem treinada, técnicas de guerrilhas, eu passei por algo semelhante.... Mais nem isso seria o bastante para o que lhe espera se você cair nas mãos erradas de pessoas quem quer que sejam.

A expressão tranquila de Jhaeson deu lugar a uma preocupação genuína, desde que achou seu lugar se tornou um guerreiro que luta pelo bando, neste momento a chuva começou a cair, gotas frias, lá embaixo as pessoas corriam e riam por causa da chuva, alguns trovoes iluminavam todo o parque talvez aquela fosse a última volta antes do brinquedo parar.

Novamente ela voltou a falar que ela precisava de uma resposta imediata, seu tom subiu talvez uma oitava mais alto, não que ele não a escutasse, perguntou quando poderia encontrar com o mestre dele, afinal ela não poderia demorar, mais o que ela não sabia e que qualquer que fosse a vida que ela tinha, ela teria que abandonar é pior de tudo isso seria uma escolha dela se houvesse algo ou alguém que ela quisesse proteger.

― Posso levar você até ele o mais rápido que puder... tenho que encontra-lo amanhã em um lugar já marcado, mais provavelmente assim como você e conhecendo ele como conheço ele já deve estar no ponto de encontro, posso leva-la até lá é se por ventura ele não estiver e só aguardarmos, a escolha e sua...

4/1/2015, 17:21

Connie gostaria de questionar várias coisas que ele dizia, mas percebeu que não cabia ao momento. A velocidade da roda foi diminuindo e logo ouviam o som dos pistões hidráulicos controlando a descida e freando London Eye. Era tarde demais para perguntar sobre exército único, com honrarias e tudo mais.

Nunca fora do tipo que fazia questão de contar sobre suas experiências na marinha ou nos grupos militares especiais. No vilarejo poucos sabiam de sua ocupação antes de retornar pra lá e qualquer desconhecido ou turista que aparecia no bar ou fazia um dos seus passeios recebia a informação oficial de que ela era uma esportista aposentada. Era o mais simples e não se tratava exatamente de uma mentira, não perante a visão dela. Só mais uma meia verdade mascarada para o seu próprio benefício.

-- Então vamos agora. Quanto antes resolver isso melhor será... para todos nós...

Logo estavam fora das cadeiras, receberam pedido de desculpas pelo transtorno e seus tiquetes foram carimbados para que pudessem voltar em outro momento e completar o passeio. A chuva apertava eles começavam a sentir a temperatura baixar ainda mais, os pelos de seus corpos arrepiavam e as pontas e orifícios ficavam frias e doloridas, dedos, nariz, orelhas. A ex-seal colocou a boina e deixou os cabelos protegerem o resto. Enfiou as mãos nos bolsos do casaco e olhando para três direções distintas, uma por vez, comentou:

-- E agora? Para qual lado seguimos?

Ainda sentia fome, mas isso poderia esperar. Também queria voltar para o quarto do hotel, se banhar, deitar e relaxar. Seria melhor ainda se o fizesse com uma boa cerveja escura e algumas anchovas. Chegou ao salivar só ao imaginar. Por um momento arqueou o corpo e apertou os braços contra os contornos de seu tronco.

A noite pelo visto seria bem diferente do planejado, e provavelmente muito mais longa.

4/1/2015, 17:50

A última volta estava terminando a velocidade se reduzia pouco a pouco enquanto as engrenagens se moviam contra a pressão do freio parando a grande atração, quando o brinquedo parou completamente ela se apressou aceitando ir ao encontro daquele que poderia revelar a verdade de sua origem, ela sabia que era perigoso, mas parecia ter pressa para resolver isso rapidamente, o que talvez ela não soubesse é que nem sempre as coisas saem como estamos esperando.

― Pois muito bem... Irei levar você até ele, assim depois de ouvir tudo a escolha é sua sobre que fará em seguida.

Caminhando para a saída tiveram seus bilhetes marcados, as pessoas estavam se protegendo da chuva da maneira que podia, afinal era uma chuva fina e fria, para as pessoas normais aquele pequeno diluvio era suficiente para abaixar a temperatura de seus corpos, mais para lobisomens aquilo não afetava de maneira alguma, com sua temperatura acima do normal estava completamente bem com aquela chuva, diferente da mulher que acompanhava Jhaeson.

Ele notou quando ela cobriu a cabeça com a boina guardando o cabelo logo abaixo, um esforço inútil já que a chuva estava persistente, com as mãos nos bolsos tentando esconder o frio que começava a deixar um pouco vermelho seu nariz e orelhas.

Já a uma distância do brinquedo se protegendo de baixo de uma pequena barraca de tiro ao alvo, a viu olhar para diversos caminhos, sem olha-lo nos olhos perguntou qual caminho seguiriam ele sorriu e se colocou a frente dela.

― Infelizmente não é simples assim, para chegar até onde precisamos a única opção é me seguir... A pergunta certa a fazer é. Será que conseguira me acompanhar? Posso ir mais devagar se estiver difícil, então me avise qualquer coisa, vamos então!

Disse Jhaeson saindo correndo saltando uma grade como se fosse apenas um pequeno monte de terra.

18/1/2015, 00:40

Tudo o que o rapaz disse funcionou como um estopim. Primeiro ela percebeu que diferente do que acontecera quando descobrira sua condição - a de ter uma ascendência inumana - na casa dos avós agora haveria alguma escolha a ser feita.

Era desagradável, primeiro o telefonema misterioso e a certeza de quem alguém a perseguiria, depois o encontro com um mensageiro destas forças desconhecidas e por último algo a decidir. Sua vida parecia de cabeça para baixo, mas estava ponderando as coisas com alguma frieza. Frieza que a abandonou no momento em que Jhaeson a provocou duvidando de sua capacidade.

Os lábios bem desenhados da garota se abriram lentamente, os olhos quiedaram-se fitando o chão enquanto mordiscava a parte inferior da boca, os dentes perfeitos desenhando um sorriso excêntrico. O brilho em seus olhos iluminou o rosto, havia sido fisgada. O tórax dela se expandiu permitindo que os pulmões inspirassem uma carga maior do que a normal para uma caminhada. Suas pernas se dobraram lentamente e as mãos ganharam um espalmar digno de atletas profissionais.

Tudo foi muito rápido e a única coisa que ela pode ver é que após saltar a grade o lobisomem - ainda em sua forma humana mas cheio de vigor e velocidade - se tornava um ponto minúsculo num beco pouco antes de desaparecer da escuridão. O cheiro da pele dele parecia estar preso em suas narinas e uma última fungada foi o suficiente para marcar o passo dele.

O que Jhaeson não sabia era que ela havia circulado muito por ali antes de finalmente encontrá-lo e tudo isso buscando memorizar ruas, vielas, becos, passagens, gradeados e afins. Deste modo Connie se lançou para a esquerda e correu pela lateral do prédio cujo gradeado ele tinha saltado. Naquele horário e com o tempo piorando cada vez mais não trombou com ninguém pelo caminho e subiu as escadas de ferro da construção mais rápido do que um vigilante podia gritar "Essa é uma área proibida".

Como a híbrida que era em termos de força, velocidade e tamanho Connie jamais poderia vencer dele, mas depois de correr pelo telhado, pular algumas claraboias e saltar da construção e cair numa caçamba muitos metros a frente de Jhaeson, com um olhar orgulhoso ela provou que inteligência também contava.

-- Você me lembrou um cão que tive certa vez. Era tão rápido quanto um raio, campeão de agility mas tinha esse mesmo olhar apaixonado quando eu o cercava pouco antes da brincadeira acabar.

Um humano jamais teria se adiantado, apareceria na trilha que o lobisomem percorria bem atrasado, mas ela era muito mais do que isso e embora não pudesse manter tal constância a ponto de correr emparelhada a ele mostrara que estava bem disposta assim que desceu da caçamba cuja tampa afundara e continuara correndo pelo beco.

18/1/2015, 15:13

Jhaeson correu em meio a chuva, seus olhos volte é meia olhavam para trás para saber o quanto a garota seria capaz de acompanha-lo ele não estava rápido o bastante, afinal estava testando as capacidades dela.

Em pouco tempo ele já não conseguia vê-la, estava ponderando se deveria parar ou retornar para encontrá-la, pensando talvez ter se empolgado um pouco com a personalidade forte dela, enquanto corria viu uma construção mais a frente, é notou um vulto saltar em cima de uma caçamba, a silhueta revelou ser Connie seu olhar mostrava orgulho e confiança. Enquanto olhava Jhaeson se aproximar.

As palavras que se seguiram dela deveriam ter sido vistas como uma ofensa ao compara-lo a um cão, ele estava longe mais era possível escutar as palavras dela, ele sorriu é continuou correndo, Connie saltou da caçamba e seguiu os passos dele correndo pelo beco, a luz pouco a pouco ia perdendo o brilho dos postes ficando cada vez mais escuro e distante daquela cidade indo para galpões afastados.

O silencio deles só eram quebrados pelos passos que se alternavam entre o chão batido, concreto é asfalto, o ritmo era continuo, ele poderia ir mais rápido do que aquilo, mas não queria estava contente de ver ela ser capaz de acompanha-lo.

Ele parou diante de um dos galpões, as portas de metal eram um verde musgo, descascado e queimado do sol, a chuva havia aumentando, relâmpagos cortaram o céu causando um brilho prateado por toda aquela área, Jhaeson olhou para ela e disse:

― E aqui. Está pronta?

18/1/2015, 18:47

Ambos correram e sequer parecia que eram completamente desconhecidos.

Connie nao apenas aceitou como tambem gostou do desafio. Conforme corriam a agua das pocas subia em pingos e o temporal comecava. Logo estavam longe do parque e ela ja nao conhecia mais os lugares.

- Sim. Espero que nao tentem nenhuma graca. Se EU sumir do mapa voces terao grandes problemas ...

18/1/2015, 19:08

Diante a porta do galpão Jhaeson aguardava a resposta daquela mulher que parecia intriga-lo, para sua surpresa a resposta ao mesmo tempo convicta por ela continha ainda resquícios de uma dúvida que parecia sempre acompanha-la, alertando-o dos problemas que teria caso ela sumisse.

Ele conteve o riso, não poderia parecer zombar dela, mais aquilo era divertido, ela talvez não entendesse o que estava acontecendo, é para falar a verdade nem mesmo Jhaeson entendia por completo tudo aquilo, mas se eles quisessem que ela sumisse de fato nada aconteceria a eles isso era fato, seria apenas mais uma que desaparece em meio a tantos, eles se escondiam a tempo demais, aprenderam a fazer as coisas sem serem notados, é mesmo que fossem poucos eram oponentes a altura.

Mais para a sorte dela ou azar, não era este o plano, Jhaeson se aproximou de um painel, e digitou uma sequência de dígitos, destravando o alarme, se abaixou e abriu o trinco do portão, com apenas uma mão ergueu aquela porta que se flexionava e girava a medida que ia abrindo, dentro apenas escuridão era vista. Pelo menos para olhos comuns, para Jhaeson nem tão escuro assim, e para Connie seria do mesmo jeito?

Ele entrou primeiro, os passos ecoando dentro do galpão, e provando que não era uma armadilha.

― Pode entrar, como pode ver não a armadilhas aqui.― Sorriu para ela.

19/1/2015, 07:20

O que Jhaeson não sabia é que Connie reservava surpresas grandiosas como termos de garantia que iam muito além de sua imaginação. Ray Bridges podia não saber o paradeiro dela, mas existiam forças que acompanhavam cada passo, olhares atentos a mecanismos tecnológicos que nenhuma alcateia podia prever ou acompanhar.

Ela leu a incredulidade na face dele e viu quando sua sobrancelha se ergueu de forma risível, como quem duvidasse e aquilo fez sua nuca se arrepiar mal podendo se conter... em igual divertimento.

O que havia ali era o encontro e confronto - de certo modo amistoso - entre duas raças e existências tão distantes e incrédulas. Faíscas pareciam surgir a cada palavra ou provocação e por esse motivo ela pensou numa forma de consertar algo.

Com um ar displicente ela observou ele desativar o painel - cuja combinação ele não se preocupou em esconder já que obviamente seria modificada após sua passagem por ali e por essa razão Connie decorou e descartou quase que ao mesmo tempo - e o viu entrar na penumbra do galpão com um ar convidativo confirmado por sua frase sobre armadilhas.

De modo diferente do dele ela conseguia enxergar uma aura na semi escuridão, enquanto ele com certeza podia discernir formas com exatidão e acertá-la facilmente. Ela se adiantou e entrou dando passos firmes enquanto dizia:

- Não temo armadilhas, não as que se pode esperar e tocar. Sou uma mulher acostumada ao pior, muito mais do que pode imaginar e não ter o mesmo DNA que você não me torna menos corajosa ou incapaz... - ela devolveu o sorriso e sua silhueta mergulhada na escuridão podia ser vista pelo lobisomem. Connie percebeu uma caixa de energia atrás de si, isso por que o zumbido se fazia ouvir ao longe, mesmo para ela.

A mulher se aproximou dela e retirou o sobretudo pendurando-o na trava do equipamento, um botão preto com relevo retangular. Ainda se desfez da boina e passou os dedos pelas madeixas alinhando-as e apertando as pontas úmidas.

- Bem... é agora que eu peço o meu ingresso e o muffin de ganache? - ironizou falando sobre a senha que até o presente momento não havia citado. Esse era o motivo que a fazia temer pela sua integridade... tudo ia rápido demais e além do combinado. Engraçado de fato era como de alguma forma isso a excitava.

- Ah e Jhaeson... me desculpe pela brincadeira no beco. Imagino que tenha soado como uma ofensa das mais indecentes, mas pode ter certeza que amei poucos como àquele cachorro - então ela aguardou o que viria a seguir.

19/1/2015, 20:18

Enquanto Jhaeson adentrava Connie parecia ainda intrigada, não era para menos tudo estava acontecendo tão rápido, mas o tempo era curto é eles não poderiam esperar, ao entrar a mesma não deixou o lobisomem sem resposta, ela parecia ter o desejo de se provar, de se colocar a teste sempre, sem depender de ninguém é ser capaz de se cuidar sozinha, características fortes que permitiriam a ele ser uma eximia líder, em qualquer ramo, é isso era evidente;

Enquanto caminhava se colocando para dentro do galpão ficava a vontade tirando o seu sobretudo que estava completamente ensopado da chuva que caia do lado de fora, fez o mesmo com a boina enquanto passava os dedos pelos cabelos, este leve movimento fez seu cheiro se expandir, Jhaeson inflou aquele aroma, que continha uma mistura peculiar que ele ainda não conseguia identificar com exatidão.

Se direcionando até o interruptor, a garota não perdeu a chance de brincar com a situação, se era para descontrair ou distrair ainda não se sabia, mais seus olhos eram afiados, mas Jhaeson não tinha nada esconder, pelo menos não ali... Acendeu as luzes, um flash luminoso surgiu acedendo várias áreas daquele galpão revelando seu tamanho real do lugar com uma luz amarelada, enquanto ela comentava sobre a senha de acesso o fazendo rir.

Jhaeson não teve problema com aquela claridade, já estava acostumado a variação constante de luz, isso era para ele um constante treinamento, olhou para ela, por um breve momento ele a enxergou de uma forma diferente, e sentiu uma sensação invisível vibrar é crescer naquele momento, em seguida Connie se desculpou, isso sim o surpreendeu, pois se recordou do seu encontro no parque e o quanto ela estava rígida é focada, e isso o pegara de guarda baixa, ainda mais ao comparar com o cão que ela amava.

O que ela queria dizer com aquilo era incerto, mas apenas estas palavras foram suficiente para libertar o lado atrevido de Jhaeson o fazendo sorrir divertidamente, seu cabelo estava molhado suas roupas colavam em seu corpo, revelando a definição de seus músculos, algo que não provinha apenas de sua natureza mais de um constante treinamento, desabotoou a camisa é a jogou para o lado em um canto qualquer.

― Não se preocupe com isso, lhe garanto já fui chamado de coisa muito pior, é ser comparado com um cão que você gostava nem de longe poderia soar ofensiva. Espere aqui vu trazer uma toalha pra você e talvez roupas secas.

Completou subindo vários lances de escada, de metal que ecoava naquela construção.

19/1/2015, 22:20

- Imagino. Me lembrei de filmes que já vi... onde essa era uma forma de ofender os da sua espécie. Por isso meu pedido de desculpas... Quanto as roupas não creio ser necessário, mas agradeço de qualquer modo.

Estavam tendo uma conversa civilizada. Isso a deixou mais angustiada, algo que a fez olhar toda a construção, procurar por câmeras, observadores, atiradores e todo o tipo de ameaça que o galpão podia conter. O som do baque metálico dos passos de Jhaeson feria seus ouvidos tamanha era a sua concentração.

Diversos pensamentos lhe ocorriam e invariavelmente terminavam com um banho de sangue. Era óbvio que ela não precisava dizer que o segredo deles estava bem guardado, que ela mesma tinha a temer por sua integridade caso uma simples amostra de seu sangue, saliva ou cabelo fosse analisada por especialistas minuciosos. Sabia que poderia terminar sendo estudada como um caso bizarro, detida e condenada a passar até os últimos dos seus dias sendo perfurada, examinada, experimentada e exposta. Diversos abusos que lhe faziam seu sangue ferver só por imaginar.

A motivação do convite, nada sútil, do homem misterioso não fora citada ou esclarecida em momento algum. E a incerteza do quanto isso poderia ser algo difícil de se lidar era o que fazia cada átomo de seu corpo vibrar poderosa e raivosamente enquanto pequenos delírios confrontavam a realidade que conhecera até muito pouco antes.

Fitou a figura de Jhaeson subindo e desaparecendo no topo da escada. Decidiu por bem ficar perto da porta até que algo a obrigasse a se mover.

20/1/2015, 19:44

Jhaeson subiu as escadas, mais a cima ficava algumas mudas de roupas em uma mochila, havia uma cama de solteiro, onde dormia algumas vezes, aquele era apenas mais um dos vários lugares que esteve, retirou a calça a colocando sobre a grade de metal do corrimão da escada, pegou uma toalha e secou o corpo. Foi até a bolsa e tirou uma muda de roupa, uma regata preta e uma calça marrom claro, se trocou.

Enquanto descia as escadas secava os cabelos com uma toalha azul escura, em sua mão esquerda trazia uma toalha macia e grossa, se aproximou da mulher que parecia apreensiva, ainda recuava diante a tudo aquilo, Jhaeson sorriu e disse:

― Sei que dispensou as roupas, mas aceite pelo menos a toalha, se não poderá pegar um resfriado.

Ele sorriu para ela, sabia que isso acontecer era quase impossível, pois o que quer que ela fosse não era uma humana, nem um lobisomem, jogou a toalha para ela e se direcionou para o centro do galpão, ali havia quase tudo que poderia ter em uma sala de estar, uma estante, sofás, uma televisão é como todo lugar que tem homem uma certa bagunça masculina.

Jhaeson retirou as coisas que estava no sofá e se sentou em um deles, e convidou Connie a sentar no outro, agora seria o momento de algumas coisas serem explicadas, ela estava esperando por isso, é Jhaeson também estava, pois tudo que sabia era fragmentos de um quebra-cabeça perigoso e mortal.

20/1/2015, 20:08

Connie o ouviu mexendo em alguma coisa onde seus olhos não alcançavam. Na parte interna do cós de sua calça jazia a adaga misteriosa, além de uma Smith & Wesson Walther P22 com laser tático. Agora que ele a observava com mais atenção podia ver os braços e parte do colo nus. Sua pele tinha ares acetinados e algumas cicatrizes antigas. O olhar treinado de Jhaeson reconhecia marca de tiros, corte por lâminas e até queimaduras.

Ela fez um sinal com a cabeça e aceitou a toalha, esfregando os cabelos e caminhando na direção do sofá. Os quadris dela se moviam voluptuosos, mas sem qualquer interesse erótico e suas pernas eram torneadas e facilmente marcadas pelo jeans molhado que aderia a suas carnes e as marcava. Os exercícios e seu biotipo a faziam ser naturalmente sensual mesmo quando não tencionava e o lobisomem podia experimentar um pouco disso.

Connie se sentou no sofá diante de Jhaeson e abaixou o corpo para a frente, secando a nuca e dando a ele uma visão um tanto privilegiada do contorno superior de seu busto, graças a regata de tecido canelado acinzentado.

Assim que terminou de se secar esticou a toalha sobre o sofá e recostou-se nele. Cruzou uma perna sobre a outra e fitou o teto por um momento. No outro já encarava o lobisomem e disparava:

- Onde está o seu homem senhor Blayke?

Os olhos dela não tornaram a mudar de cor, algo que ela mesma não sabia ter acontecido e menos ainda dessa possibilidade. Era apenas o começo de tudo pois de certo haveria momentos de tensão suficientes dali em diante - algo que nunca enfrentara a serviço dos SEALS - que desencadearia reações semelhantes ou ainda mais adversas. Sua postura era calma, quase confortável, mas Jhaeson sabia que dentro de segundos ela podia mudar... e pra pior.

20/1/2015, 20:46

Já sentado Jhaeson apreciou a caminhada de Connie, ela possuía um corpo belo, de forma invejável, mesmo com as marcas e cortes não muito aparentes a olhos comuns. O corpo dela emanava leveza e graciosidade, mais sem ser frágil ou delicada, mas firme e sedutora mesmo que esta não fosse sua intenção.

Ao sentar no sofá houve um barulho de se corpo molhado em contato com ele, com a toalha em mãos começou a se secar, como se ela nem notasse a presença de Jhaeson ou apenas a ignorasse, isso era difícil dizer, pois sem qualquer receio jogou o corpo para frente, secando a nuca é um pouco mais do cabelo, este movimento permitiu uma visão convidativa de seu busto, um sorriso brotou em sua face enquanto apreciava a vista vendo apenas a peça intima que separava a visão perfeita das curvas do seu corpo dela.

O tempo parecia ter sido pouco é não suficiente, enquanto retornava a sua postura, o desgosto parecia tê-lo atingindo em cheio enquanto ele se ajeitava de forma mais apresentável no sofá, ela esticou o corpo e cruzou as pernas, seu olhar seguiu para o teto por apenas um segundo apenas se direcionando intensamente para Jhaeson. Sua voz saiu clara é tranquila, ela perguntou do contato que era o motivo dela esta ali é ele já esperava isso.

― Bem antes de mais nada... Acho que seria educado de sua parte se apresentar, já que durante toda esta noite manteve isso em segredo, aquele que você espera com certeza já o conhece, eu por outro lado não... Gostaria de me dirigir de forma adequada. Não precisa temer nada, como pode ver estou sozinho aqui. Tem bastante espaço para você correr, mirar é atirar em mim, ou me esfaquear se esta for sua intenção, mas sabendo o que sou acredito que entendi que isso não funcionaria.

Sorriu desafiadoramente para ela, o clima estava estranho, Jhaeson não estava cantando ela, pelo menos não descaradamente como ele fazia com as mulheres, mas algo em seu interior parecia motivar esta reação nele.

― Sobre sua pergunta, como disse ele deveria está aqui ou chegando, como podemos notar ele não deve ter chegado, ele está vindo de longe para conhece-la pessoalmente, para lhe contar algo que poderia esclarecer seu passado e ajudar o futuro do nosso clã, peço apenas que o ouça e por favor não o agrida, ele foi um alfa e apesar de não ser mais ele tem a força de um, é nem de longe ele e sábio ao ponto de demonstrar sua capacidade...

Falou ele conhecendo bem seu mestre, que o ensinara desde muito cedo como era irrita-lo e quais as consequências disso.

20/1/2015, 21:19

A garota ignorou qualquer pensamento lascivo, fosse dela para Jhaeson ou o contrário. Em sua vida adulta estivera da presença de homens, era a única SEAL mulher em toda a história da corporação e aprendera a se abster de pensamentos feministas no tocante a sexualidade. Nem todo homem que a tocava, olhava, elogiava ou se mantinha por perto queria tê-la para si, e os que isso desejavam tinham que superar muitos momentos de indiferença, tantos outros de abstenção e o mais difícil ... chamar de fato sua atenção e ser dono do interesse dela.

Além de Ray, seu primeiro amor, tivera alguns casos e se envolveu com caras comuns e oficiais, mas o mundo de Connie não girava em torno do padrão que era trabalhar, casar, ter filhos e se aposentar. Ela era agitada e orgulhosa demais para tudo isso, portanto, seus romances não se consolidavam e muitas vezes traziam mais dor de cabeça do que prazer. Poucos que ela julgava dignos de conhecerem seus lençóis encaravam com naturalidade seus sumiços e dispensas.

Ela se impressionou em observar e analisar a oratória de Jhaeson, de algum modo ele parecia estar mais sério, mas ao mesmo tempo muito mais maleável. Falava sem provocá-la e demonstrava preocupação quanto ao seu comportamento diante daquele que ainda chegaria e por isso houve ponderação de sua parte antes de respondê-lo.

- Meu nome é Constance McCulloch, tenho 28 anos, tudo que sou é fruto da minha criação, minha experiência profissional ... e herança biológica. Meu pai é engenheiro, minha mãe médica, meus avós maternos morreram quando minha mãe ainda era muito pequena, já os paternos eu conheci. Meu avô, Russel McCulloch era um de vocês pelo que soube. Entrei pra Marinha, fiquei alguns anos e secretamente fui aceita entre os SEALS. Há algum tempo minha compania se desfez e eu abandonei o posto, voltei para a Inglaterra e assumi uma nova vida. Recentemente li um diário, do meu avô, segui em frente e ainda estaria cuidando dos meus negócios... atualmente sou dona de um bar num vilarejo... estaria cuidando deles se o tal alfa ou alguém ao mando dele não tivesse me ligado.

Connie tomou fôlego, esticou os braços e estralou os dedos de uma só vez. Retomou a palavra

- Por isso não se preocupe, não vou envergonhá-lo diante do seu chefe, tampouco me atirar em águas perigosas sem ter o mínimo conhecimento sobre elas. Atuei no mar, ar e terra e ... sei muito bem quando minhas habilidades são insuficientes perante as forças da natureza, e nenhuma delas ainda me é mais desconhecida do que ... vocês. Seu clã. Seu chefe. Seus inimigos. Todos... Também não costumo ser insubordinada, apenas encaro o momento como ele merece, e por favor, não se ofenda... mas você me incentivou a me comportar como uma menina má. Apenas aceitei seu desafio.

Connie não poderia ser mais transparente e sincera, sentia fome e a louca vontade de tomar um banho, se jogar na poltrona do motel, ligar a velha televisão de tubo com caixote de madeira para ver rugby e tomar uma dúzia de Heinekens. Contudo, não podia sequer saber se conseguiria sair dali antes do sol raiar. Tinha que esperar o tal alfa e nada e nem ninguém poderia demovê-la dessa ideia.

21/1/2015, 20:36

Jhaeson esperava resistência da parte dela, é mais uma vez foi surpreendido quando Connie revelou mais do que esperava, ele estaria contente com apenas o nome, mais saber a idade, sua origem apenas despertava ainda mais sua curiosidade, sua formação militar era algo que Jhaeson se familiarizava bem, foi treinado como um soldado e sabia como isso podia ser difícil.

A escutou sem interromper e percebeu o receio dela, é o porquê de sua origem misteriosa, isso era segredo até pouco tempo pra ela, aceitar isso já demonstrava sua bravura, muitos renegariam, e tentariam a todo custo rejeitar, o diário deveria conter coisas importantes, informações valiosa, fora o nome de seu descendente que não era nem um pouco desconhecido...

Parou por um segundo esticando os braços e voltou a se pronunciar, desta vez em relação ao alerta de Jhaeson é ouvi-la falar o acalmou, ele sabia como era seu mestre, apesar dos anos ele ainda intimidava, é um dos lados mais mortais era que ele não tinha problema em eliminar um obstáculo, fosse como fosse, a dureza de suas atitudes eram reflexo do seu próprio amor.

A mulher parecia perdida, dizia saber seu limite, mas talvez estivesse equivocada se nunca houvesse visto um alpha, não pode imaginar a pressão que isso causa, em meio a um assunto serio teve ousadia para descontrair revelando que não fugia dos problemas, e que Jhaeson a incentivou, o que era realmente verdade.

― Bem... Para começar devo dizer que você ser neta Russel McCulloch, me surpreendeu o nome dele e lendário entre os vários clãs de lobisomens, pena que sua reputação fora manchado por um deslize.

Se calou ao pensar no motivo real do nome dele ter sido difamado, desviou o olhar dela por um instante, tempo suficiente apenas para que seus olhos visualizassem uma mini geladeira a poucos passos de distância.

― Bem meu mestre deve chegar hoje, por enquanto gostaria de comer... Estou morrendo de fome, o café do parque não foi o suficiente, tenho macarrão instantâneo, sei fritar ovo, e tenho uma garrafa de vodka.

Falou sorrindo para sua convidada.

22/1/2015, 20:23

- O que você chama de deslize muitos nomeariam coragem. Acredito que você melhor do que ninguém deve saber as pressões que meu avô enfrentou para fazer valer a sua opinião. Sinto informar mas nesse aspecto vocês parecem ainda mais involuídos do que a gente, quer dizer, do que eles... os humanos. Nem isso mais posso dizer que sou.

Ela não falava com pesar, mas usava o tom firme e inabalado de uma constatação. Jhaeson era um excelente observador e talvez não ficasse surpreso caso soubesse algo que mesmo Ryan não imaginara: após ler muito do diário e se sentar na praia em Llanddwyin Island ela pensou em mergulhar na arrebentação das ondas e nadar até o alto mar, até ficar inacessível as braçadas socorristas de seu ex-namorado para mergulhar tão fundo que não tivesse fôlego para voltar. O tempo que levaria para se afogar seria longo e a profundidade a ser atingida enorme, especialmente por que cada célula do seu corpo gritaria pedindo por oxigênio o que a faria abandonar a macabra empreitada. Desistiu antes mesmo de tentar, percebeu que todos os grandes feitos até então eram fruto desse DNA único e não podia ser tão covarde assim.

-- Já te ocorreu que talvez ... apenas talvez ... você nem mesmo saiba o que realmente aconteceu? Que você e todos os outros que não presenciaram o ocorrido podem apenas conhecer a história oficial previamente autorizada por alfas, betas, ômegas, tetras e o escambau ... - nesse ponto ela parecia um pouco impaciente, usando suas palavras ao vento como sementes da destruição - ... e ainda se acham dignos de sentir pena do meu avô? Háh ... isso pode ser risível... então intervenha se o seu homem vier com esse discurso contra mim, isso se não quiser que ele me mate. Por quê ele vai ter que fazê-lo se acusar meu avô ...

Havia páginas no diário onde Russel contava com detalhes leis e medidas dentro da sociedade lobisomem e apesar dela não ter lido nem metade delas um título em especial chamou sua atenção e foi dentro desse quesito que ele se opôs aos demais e terminou perecendo. Jhaeson parecia não saber então por essa razão ela usava de certa animosidade, não para ofendê-lo, apenas para extravasar. Russel escrevera que a lei que o alcançaria mais cedo ou mais tarde era a do "Lobo Maldito", algo que previa a morte do lobisomem que traísse e desobedecesse seu povo. O motivo? Não aceitar que sua neta fosse levada para longe dos pais - ilegítimos para criá-la - e fosse doutrinada até que em seu primeiro sangramento terminasse nomeada a "Lua Cheia Vermelha", em termos curtos uma descendente impura que acasalaria com um campeão verdadeiro - o que chamavam de alfa em muitos outros textos - e nutriria em seu interior um lobisomem perfeito destinado a liderar os exércitos e conquistar honra, glória e vitórias para seu povo.

-- ... - ela o encarava sem nada dizer após a pequena explosão, seu rosto pegava fogo, estava vermelho como um pimentão e então ela inspirou e concluiu -- Desculpe Jhaeson.... - logo seu semblante amansava e ela ganhava um ar angelical, mesmo que esfregasse o rosto com alguma brutalidade antes de tornar a olhá-lo -- Que neta seria eu se me juntasse a vocês para insultá-lo?

Nenhuma outra frase dita naquela noite faria mais sentido. Russel morreu defendendo o direito da neta ser criada como alguém com direitos, o fez não só por ela mas também pelos seus familiares que teriam suas vidas arruinadas com o desaparecimento dela. Contar seu paradeiro não seria uma hipótese, nem trazer informações sobre seu desenvolvimento e acalmá-los dizendo que era mantida em cativeiro para um bem maior. O xerife não suportaria olhar nos olhos do filho, esposa e nora lendo o desespero rolando como lágrimas e esconder a verdade, especialmente por quê acreditava que para tal lenda ser cumprida a fêmea jamais poderia ser usada como matriz reprodutora e sim escolher seu destino ao lado de um lobisomem a quem amasse para que o rito não trouxesse uma cria apática ou furiosa como ele vira acontecer antes.

O desespero dos anciões pela escassez de impuras - cada dia mais raras na atualidade - os tornara cegos e justificava seus atos mais absurdos. Russel vira três fêmeas serem amarradas quando havia o menor indício menstrual e serem tomadas a força por todos os alfas do grupo. Sentia nojo perante a degradação da raça e mesmo sendo um alfa se recusava a assistir cada um dos ritos até o final. Isso era insustentável para os antigos e se tornou calamitoso.

Quando Connie nasceu e Russel soube de sua herança o lobisomem a abraçou com todas as suas forças e chorou. Chorou de alegria e amor e também por orgulho ao saber que sua morte agora era certa, mas ao menos com um motivo magno e digno de sê-lo.

Após sua morte houve uma imensa reunião entre os clãs e ficou decidido que nenhum deles podia capturar ou chegar perto da garota, a memória de McCulloch devia ser respeitada e ele pagara com seu sangue o direito dela viver entre os seus. Mas os anciões não desistiriam de Connie e começaram a conduzi-la através de cordas invisíveis desde muito jovem ... e por isso ela se encontrava ali.

-- Eu adoraria vê-lo fritar um ovo...

Um sorriso estampou seu rosto e Jhaeson via nela o capricho dos mares: podia ser revolta, mas ainda assim envolvente.

22/1/2015, 20:55

Após o desabafo de Connie que Jhaeson ouviu em silencio, ouviu ela tirar saro de sua cara querendo vê-lo fritar um ovo. Isso o fez se levantar em um único movimento, e seguiu para a parte do galpão que era a cozinha.

― Sabe... Meu ovo frito e muito bom, mas minha omelete e ainda mais, por isso espero que esteja com fome, pois você nunca comeu algo assim, é se ofendi seu avô peço desculpas, talvez meu mestre possa contar parte da lacuna que falta você saber, nem todos os lobisomens são iguais.

Falando isso, ele abriu a mini geladeira, tirando alguns ovos, e pegando alguns temperos, pegou a garrafa de Vodka é colocou sobre a mesa, que tinha duas cadeiras de metal apenas.

― Sirva-se enquanto preparo alguma coisa... De todas as bebidas sabia que a Vodka e a primeira que começa a fazer efeito no organismo de um lobisomem?

Sorriu para ela sobre o ombro, enquanto pegava uma tigela de plástica e quebrava os ovos, como um excelente mestre cuca, usando um batedor, mexeu clara e gema rapidamente, com alguns frascos depositou juntamente a mistura, colocou a panela no fogo para esquentar.

22/1/2015, 21:07

-- Não sou tola - falou pausando enquanto analisava o vidro da vodca e parecia pensativa - a ponto de achar que toda a verdade do mundo está naquele diário, mas a ótica do meu avô me parece a mais sensata. Também não quero ofender seu povo... em parte acho que sou ele também, eu serviria para gerar filhos não? Então não somos tão distantes assim...

Assistiu ele iniciar os preparativos e apreciou vê-lo dedicado a uma tarefa tão não usual, não se você pensar que era um lobisomem cozinhando ovos.

-- Com essa bebida - falou já abrindo e virando direto na boca alguns goles -- acha que vai me deixar mansa? Saiba que na Marinha fazíamos apostas com frequência e quem perdia tinha que tomar algumas dessa na noite de vigília. Uma amiga foi trapaceada certa vez e eu assumi o lugar dela na aposta. Tomei três garrafas e não caí no mar, apesar do cheiro que eu literalmente transpirava não fiz nada que colocasse a embarcação em risco ou mesmo desse desculpa para os superiores me castigarem. Então senhor Jhaeson se quiser acasalar comigo vai precisar de muito mais do que isso... E a propósito, se tiver ... coloque bacon na sua omelete, eu adoro - ela concluiu brincando fazendo referência a Lua Cheia Vermelha. Nem mesmo sabia se ele era um alfa, mas pareceu interessante brincar com ele sobre isso, deixava as mágoas mais leves.

22/1/2015, 21:41

Aquela mulher era esperta, Jhaeson tinha que reconhecer, assim como ela era petulante também, as palavras era duras e sinceras uma combinação que nem todos estão acostumados a reconhecer.

Enquanto ele usava suas mãos para preparar o que seria o jantar, Connie virava alguns goles direto da garrafa, ela não possuía aquela delicadeza feminina que por muitas vezes o irritava, mesmo de costas para ela não perdia os movimentos delas, após a bebida ela relatou acontecidos de sua estadia na Marinha.

Em seguida as palavras em seguida o pegaram de surpresa, ela estava flertando com ele, não da forma casual e comum mais de uma forma completamente estranha, a intenção dele nunca fora embebeda-a, mas apenas mostrar que podia confiar nele, mas ele não poderia negar que ela era bonita e que se fosse em outras circunstâncias a teria pegado.

Ao final falou que gostava de bacon com ovos, por incrível que fosse ele também gostava, enquanto colocava alguns ingredientes a mais na mistura, a colocou na panela, aquela mistura em contado com o metal da panela estalou, colocando outra panela no fogo, foi até a geladeira e pegou algumas fatias de bacon em uma pequena vasilha de plástico, o cheiro preenchia o lugar.

― Bom saber de suas preferências... Sobre sua oferta de “acasalamento” bem, não me entenda mal es muito bonita é quando nos encontramos poderia ter acabado de uma forma mais divertida, mas sabendo quem es, é que meu mestre quer falar com você, dou valor a minha vida para saber manter distância de problema.

Falou voltando sua atenção para as panelas, não demorou para o jantar estivesse pronto, pegou dois pratos e colocou a mesa, despejou o omelete, muito bem preparado amarelo vivido com pontos brancos, assim como algumas folhas como alecrim e cebolinha, ao lado duas fatias de bacon.

― Pode comer a vontade.

22/1/2015, 21:58

-- Sabe... - se sentava na cadeira de metal que estava mais próxima, mantendo o espaldar dela a sua frente propositalmente. Poderia se mover livremente a qualquer momento sem ter que arrastá-la, um salto e estaria em pé e nada era mais importante do que se lembrar que estava diante de um estranho - eu... - o intervalo se dava por ela pegar um pedaço de bacon frito entre os dedos e saboreá-lo - definitivamente não estava te convidando pra transar. Se eu quisesse não anunciaria e você já estaria arfando a uma hora dessas, acredite-me. Isso é um fato. No entanto, não desfazendo de seus atributos inclusive culinários - ela dava uma piscada e colocava o restante do petisco na boca e continuava falando enquanto mastigava - sei que não faço seu tipo. Você gosta de garotas dóceis, submissas e educadas que fingem um não quando na verdade por dentro gritam sim, não está preparado para lidar com alguém como eu e por esse motivo sou desinteressante aos seus olhos. Ainda arrisco dizer que tem preferência por aquelas recatadas que fazem você se sentir um baita conquistador enquanto elas sussurram seu nome totalmente trêmulas. E pra um cara conseguir isso de mim ele precisa fazer muito mais do que você está acostumado... sem ofensas.

Logo ela pegava os talheres e cortava a comida na vertical e horizontal algumas vezes, criando pedaços soltos do preparado que parecia delicioso tanto pela aparência quanto pelo aroma que dispensava.

-- Além disso não parece ser um alfa... diante do imenso respeito e subserviência que expõe para com o seu mestre. O que também me leva - nesse instante ela fecha um dos olhos e aponta para ele o garfo com um pedaço da omelete nas pontas - a acreditar que você não teria autorização para fazer sexo comigo, já que o acasalamento não é um termo usual pra mim. Uma verdadeira pena Jhae' ... você parece bastante promissor...

Era nítido que ela se divertia com ele e ao invés de se ofender mesmo quando ele parecia mais ríspido ela sentia a dúvida em seus olhos quanto a como se comportar perto dela. Sabia que ele poderia se enfurecer e atacá-la, mas o preço seria alto demais. Por isso tinha segurança em continuar testando-o e de uma forma velada conhecê-lo um pouco mais.

23/1/2015, 21:29

A forma como as palavras se desprendiam dos lábios dela, para com Jhaeson eram engraçadas por ver tal situação, pois apenas tinha que lidar com dois tipos de mulheres, as humanas que não sabiam de sua real origem, é aquelas que faziam parte de seu bando ou ciclo da mesma raça, que apesar de fortes é guerreira, ainda sucumbiam diante a luxuria proveniente dos homens lobos. Enquanto Connie tentava justificar a proposta involuntária de um ato carnal, ela não era nem um pouco humilde, afinal ela parecia gostar do poder que exercia nos homens.

Mais o mesmo efeito se aplicava a Jhaeson, o sexo oposto se sentia atraído é fascinado por ele, era como um imã natural, um atributo peculiar humano, que gostavam de se colocar em perigo quando este perigo de alguma maneira proporcionava algum ganho, mais ela terminou o petisco é continuo a falar enquanto mastigava. Ao se pronunciar descreveu qual seria o tipo de garota que Jhaeson gostava, é que ela não fazia o seu tipo, e que ele gostava das frágeis, ele apenas balançava a cabeça do outro lado da mesa enquanto usava o garfo para comer seu omelete.

A constatação de que ele não era um alfa se deu a sua forma simples e respeito por seu mestre, isso não era o que precisava saber para separar um alfa dos demais, apesar de saber de alguma coisa sobre relação dos lobisomens isso tornava as coisas apenas fragmentadas, ele gargalhou quando ela terminou, após engolir a sua omelete ele deixou o som preencher o lugar.

― Você não e tão observadora como pensas... Se fosse teria visto mais além, meu estilo de mulher não e frágil, ou dócil estas são as que mais aparecem, o que busco e algo único, imprevisível, indomável, atípica a tudo, você com certeza teria tudo para me proporcionar pelo menos um belo desafio.

Sorriu para ela enquanto pegou a garrafa e deu um grande gole da bebida, a colocando sobre a mesa novamente.

― Sobre eu ser um alfa, bem está certo mais por sorte do que fatos suas observações a torna imprecisa. Mais logo perceberá...

Antes que pudesse falar mais alguma coisa, a porta se abriu fazendo o barulho da chuva se fazer ouvir, com a luz opaca de dentro uma silhueta se formou mesclando luz e sombra, ela não era alta, mas também não baixa, possuía apenas uma capa sobre seu corpo, revelando de tudo aquilo apenas um corte de cabelo curto...

23/1/2015, 22:19

-- Excelente... - ela tomava a garrafa para si e bebia do gargalo muitos goles seguidos, repousava novamente a garrafa já pela metade na mesa e apoiava os dois braços sobre ela complementando - Novamente chegamos onde eu queria. Pode não perceber mas você acaba de admitir ao negar tudo o que eu disse.

Os olhos dela cintilavam perigosamente e um pouco de reflexão por parte dele o faria entender que ela o levara por um labirinto sinuoso e lhe obrigara a admitir que se interessava por ela. Bingo, ela era muito mais perspicaz do que ele podia prever.

No instante seguinte ela inclinou o torso em direção a porta muito antes dela se abrir. Havia ouvido alguém se aproximar da porta e digitar o código para acessar o armazém. Por melhor que estivesse o jantar e ainda restasse o que comer no prato ela acabara de terminá-lo.

- Agora vamos aos negócios...

26/1/2015, 19:43

Antes que Jhaeson tivesse a chance de responder a porta do galpão se abriu, a forma de um homem se revelou, Connie não parecia surpresa olhando para a porta apenas falou poucas palavras, o homem adentrou enquanto a porta se fechava lentamente atrás dele, enquanto retirava o casaco Jhaeson levantou e seguiu até ele.

― Mestre... Demorou a chegar.

― Jhaeson. Quantas vezes preciso dizer para não me chamar de mestre? —A voz do homem era grave, um pouco rouca e profunda.

O olhar do homem seguiu para a mulher que ainda estava na mesa, parecendo sustentar com intensidade a visão nele.

― Quem é aquela mulher? —Falou apontando o polegar por cima do ombro.

― Bem... ela é quem o senhor estava procurando, estava fazendo a varredura na área de encontro e acabei cruzando com ela.

Os olhos dele cintilaram para ela, um ar misterioso, que continha fascínio e perigo, seus lábios se abriram em um sorriso.

― HAHA, Não me surpreende nem um pouco que ela estava fazendo o mesmo... Mais confesso que pensei que ela iria relutar mais em vim para saber a verdade isso facilita um pouco.

Se aproximou dela deixando o casaco sobre um cabo de uma vassoura no caminho até a mesa onde ela estava.

29/1/2015, 20:19

A ex- Seals encarou Jhaeson se deslocar até o homem que acabara de chegar e observou por tanto tempo quanto pode a figura deste.

Olhou sua postura corporal, sua aparência, começou a construção de um perfil e o cheiro dele veio com uma lufada de vento pouco antes dele fechar a porta do galpão.

Exímia guerrilheira como era absorvia até seus traços e minúsculos movimentos além do tom de sua voz e sem esquecer de classificá-lo perante a programação neurolinguística e identificar quais eram seus sentidos principais.

O riso nada significava, não se deixaria levar nem mesmo pelas mais cordiais e doces palavras. A forma como as pupilas dilataram e o globo inteiro cintilou deixou evidente uma alteração brusca de humor, agora para desnudar as motivações precisava de mais tempo do que tinha.

Se levantou da cadeira e manteve as mãos unidas as costas, o olhar fixo sem qualquer piscar ou desdenhar da figura temida pro Jhaeson. A pergunta sobre sua presença deu a entender que ele era rígido a ponto de controlar quem o lobisomem de posto inferior levava para seus aposentos e que isso já podia ter acontecido antes.

O rosto de Connie estava firme, as linhas bem apuradas e com seriedade militar, os lábios tranquilos e livres de qualquer sorriso, o queixo em destaque por encarar sem qualquer temor.

Era chegada a hora.