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Vice.
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Dragon
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[Conto] Dois sóis Empty [Conto] Dois sóis

6/12/2012, 03:02
Então galera... xD
Isso aqui não é bem uma fic, nem uma fanfic, foi um conto que eu fiz pra apresentar na semana de arte moderna da minha escola xD
Eu, sinceramente, gostei muito dele. Modestia à parte, claro. auhauhauhauhuah xD

Aqui! Espero que curtam :3

Dois sóis.

Não era para ser “apenas mais um dia”. Aquele ia ser seu dia, finalmente iria brilhar.
Era o que queria Fernando DeMarca, um jovem poeta de 22 anos, com cabelo castanho escuro e com uma estatura média.
Nascido em 19 de Junho de 1900, Fernando sempre foi interessado pela escrita. O rapaz, desde pequeno, vivia escrevendo contos e poesias, e agora poderia compartilhar sua obra prima com o público.
Se preparava para sua grande chance. Há pouco tempo havia sido chamado a participar de um evento de poesia, dentre outras coisas, após alguns nomes verem umas obras suas em alguns jornais. Fernando, muito feliz e decidido, assim que foi convidado, começou a se empenhar para fazer a sua obra prima.

- E assim, se fará o sol. – Murmurou Fernando, que entrara sorrindo em seu Ford T e acelerou em direção ao Teatro Municipal. – Que Deus nos abençoe.

Enquanto se dirigia ao local do evento, recitava para si mesmo alguns versos aleatórios, talvez como uma forma de se acalmar... Nem Fernando sabia o porquê de ele fazer isso, mas ele apenas fazia... E se sentia muito bem com seus versos.

Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.”
(Aceitarás o amor como eu o encaro? – Oswald de Andrade)

Ia passando por lugares remotos, como morava longe do Teatro. Olhava em volta e via pessoas em todos os cantos. Várias aparentemente se dirigiam para o mesmo lugar que ele, outras, talvez, tinham mais o que fazer. Ele inclusive viu umas crianças brincando e sorrindo, e ficou pensando:

- Quanto mais feliz, mais breve é o tempo. E assim se vai a juventude...

E vendo o teatro municipal se aproximar, agora como uma forma de ansiedade, continuava a recitar:

Mas não passou sem nuvem de tristeza
esse amor que era toda a tua vida,
em que eu tinha a existência resumida
e a viva chama de minha alma, acesa.

Nem lemos sem vislumbre de incerteza
a página do amor, lida e relida,
mas pouquíssimas vezes entendida,
sempre cheia de engano e de surpresa,

Não. Quantas vezes ocultei a minha
dor num sorriso! Quanta vez sentiste
parar, medroso, o coração de gelo!

- É que nossa alma às vezes adivinha
que perder um amor não é tão triste
como pensar que havemos de perdê-lo.
” (Nós – Guilherme de Almeida)

Ele parou o carro. Ficou encarando o Teatro Municipal por alguns segundos. Podia fugir agora, se estivesse com medo ou com receios sobre sua performance. Suas mãos tremiam; o que faria?
Hesitou um pouco para estacionar. Agora, já era tarde. Pegou sua modesta pasta e adentrou no teatro, em passos largos, porém nem tão firmes.
Indo até onde os artistas se reuniram, ali ele ficou, assistindo todas as apresentações. Ele seria um dos últimos, e isso o fazia tremer como ninguém. Duvidava mesmo de seu desempenho, o que faria?

Pensava em dar meia volta, até que ouviu vaias vindas do palco. Um rapaz terminava de recitar seu poema, enquanto a platéia vaiava e insistia em atrapalhar a leitura. Mas o homem continuava firmemente ali, lendo sua poesia crítica.

Longe dessa grita
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;

Lá, fugindo ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do Rio.

(Os Sapos - Manuel Bandeira, interpretado por Ronald de Carvalho.)

E a platéia começava a bagunçar, a se irritar. Talvez não tivessem gostado do poema, talvez o poema criticasse algo que Fernando não havia compreendido... “Não sei, não sei”, pensava. Naquele momento, olhando para o homem que saía vaiado sem aparentar uma gota de tristeza, ele só tinha uma certeza:

- Esse homem é brasileiro que nem eu. (Descobrimento – Mário de Andrade)

Tomou ar, foi ao palco, com sua pasta simples, abrindo-a em meio da algazarra que o público fazia. Vários saíam, outros continuavam a baderna e vaiavam Fernando, porém, ele agora estava decidido. Inflou o peito, e recitou o seu poema.

Oh! Sol, para onde vais?
Por que não leva-me contigo?
Fiz-lhe algo que não agradou?
Ou apenas não me quer como amigo?

Oh! Sol, por que não me ilumina mais?
Será que o mar lhe irritou?
Pois a onda quando foi
na praia, serenamente, se enterrou?

Oh! Sol, pois não sou culpado!
Talvez endividado
Mas nunca lhe faltei com
sua luz.

Por que não há dois sóis
Para iluminar-me?
Sua luz, fascinante
Tornando-me importante

Pois com dois sóis
Os ventos mudariam de direções
Os loucos encontrariam razões
E meus choros se tornariam canções

É, e assim ele se vai
E tudo fica escuro
E meu mundo, no desejo
Guardando deles o mais puro!

É, e assim ele se vai.
Se deitando sob o mar
Indo embora mais uma vez,
mas eu sei, eu sei, ele vai voltar.

E quando voltar,
Carol, Carol
o amor retornará
E assim, fará o sol.


Fernando olhou para frente, agora, esperando a reação dos baderneiros.
Silêncio...
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[Conto] Dois sóis Empty Re: [Conto] Dois sóis

6/12/2012, 19:07
*--* Nossa, adorei, esse conto tá maneiro! Você merece uma sessão de poesias e contos só seus, garoto. *--* Mandou ver man!
Vice.
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[Conto] Dois sóis Empty Re: [Conto] Dois sóis

7/12/2012, 00:11
Lightning Claire escreveu:*--* Nossa, adorei, esse conto tá maneiro! Você merece uma sessão de poesias e contos só seus, garoto. *--* Mandou ver man!

Aaaah *----* Muito muito obrigado! xD
Não acho que seja isso tudo >: mas realmente, obrigado *--* Amo escrever xD
Só pra constar, a poesia do final é de autoria minha -q
Kotone
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[Conto] Dois sóis Empty Re: [Conto] Dois sóis

7/12/2012, 00:26
Eu... amei. '-'
Simplesmente amei esse conto, sem mais.
Seu Português é ótimo, de verdade, meus parabéns. Você sabe como empregar a forma de linguagem da melhor maneira. O conto foi agradável de se ler, e eu curti a sua ideia de citar versos de outros escritores famosos (E citar o nome dos autores também).
E o último poema.. você quem criou? Realmente, está ótimo, meus parabéns. +1 com certeza. (:
Vice.
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[Conto] Dois sóis Empty Re: [Conto] Dois sóis

7/12/2012, 02:12
Kotone escreveu:Eu... amei. '-'
Simplesmente amei esse conto, sem mais.
Seu Português é ótimo, de verdade, meus parabéns. Você sabe como empregar a forma de linguagem da melhor maneira. O conto foi agradável de se ler, e eu curti a sua ideia de citar versos de outros escritores famosos (E citar o nome dos autores também).
E o último poema.. você quem criou? Realmente, está ótimo, meus parabéns. +1 com certeza. (:


Aaah *----*
Muito obrigado! xD
Eu tento, né. -q Eu procuro fazer os textos de forma objetiva porém simbólica, rápido mas envolvente, sempre procuro fazer coisas assim. Porque eu acredito que é assim que um bom texto tem de ser feito xD
Hehe, eu juro que estava com medo por conta do português, porque por mais que a gente tente, sempre deixa alguma coisa escapar, e fica pro tio Word arrumar. E o meu Word é o 2003 (Y)
Eu tive de pesquisar bastante para por esses poemas, na verdade! Eu procurei algo que não fosse depois da Semana de 22 da Semana da Arte Moderna (Que é o evento em questão.) Conheci vários poemas ótimos e descobri que alguns que eu já gostava (Sapo Cururu e Nós) eram mais ou menos dessa época, então, pimba! euheuheuheh.
Sim, o último poema eu que fiz. Eu adentrei em um estilo que nunca tinha adentrado antes fazendo este, pois queria entrar no contexto dessa época para o poema. Acabou que eu usei foi muitos elementos do barroco nele e a linguagem daquela época. Mas esse poema surgiu do nada hehe. Eu fiquei estudando poemas dessa época e então me coloquei na frente do papel e da caneta, aí saiu! xDD Me orgulho muito desse poema, na real.

Enfim, se quiser ignorar o wall of txt aí em cima, à vontade! XD Maaas muito obrigado Kotone-chan! :DD
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[Conto] Dois sóis Empty Re: [Conto] Dois sóis

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