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-Tem alguém aí?- perguntava ela, e tudo que ouvia era sua voz ecoando na sala vazia da casa que acabara de se mudar. Poderia jurar ter ouvido alguém falando, mas já era duas da manhã e ela já havia tomado algumas com os amigos, devia ser sua cabeça inventando coisas. Foi para o quarto fechou a porta, se deitou e cochilou. Foi um sono rápido, pois não chegou passar meia hora desde que tinha se deitado e se obrigou a levantar para fechar a janela que estava batendo. Tinha a memória de que havia visto a janela trancada quando entrou no quarto, mas deve ter se enganado. Adormeceu de novo, mas dessa vez foi um sono pesado, só acordou ao amanhecer e devido ao pesadelo que teve. Não conseguia se lembrar com o que tinha sonhado, só se recordava de que havia acordado por causa de seu sonho. Levantou, se lavou e foi trabalhar. Seu dia foi ótimo, nunca tinha se dado tão bem no seu primeiro dia de emprego como dessa vez. Quando chegou em casa, já estava anoitecendo. Preparou sua janta, comeu, limpou tudo, deixou a cozinha impecável. Foi tomar banho. Entrou dentro do box e, ao lavar o rosto, sentiu ter visto um vulto através dele. Gritou novamente - Tem alguém aí?- e novamente não houve resposta. Terminou o banho e, à caminho de seu quarto, enxergou a luz da cozinha acesa. Foi até lá apagar, quando sentiu um arrepio muito grande ao olhar para a mesa e encontrar manchas vermelhas nela. Repetiu a pergunta, e como de se esperar, não houve resposta. Abriu a gaveta do balcão, retirou uma faca de cortar carne de lá e voltou a se dirigir ao seu quarto. Ao abrir a porta, ouviu uns gritos, mas que pareciam tão distantes, o suficiente para não conseguir entender o que estava sendo dito. Entrou no quarto, fechou a porta e os gritos se repetiram. Conseguiu identificar claramente o que as vozes diziam dessa vez. -So...socorro...socorro- repetiu ela, junto com as vozes. Sentiu novamente o mesmo arrepio que havia sentido quando viu a mesa manchada. Pode perceber que os gritos vinham de baixo da casa. Foi correndo até o porão, um porão que nem sabia que existia, pois não haviam lhe mostrado quando ela tinha vindo comprar a casa. O porão era escuro, não se conseguia ver nada, até quando encontrou uma lanterna, dessas pequenas de pilha, lá dentro. Conseguiu ver poucas coisas com ela, mas naquele porão havia mais sangue que uma carnificina. Podia se ver nos seus olhos o tamanho do seu medo, começou a tremer de um modo que não conseguia mais se controlar, seu medo estava escorrendo junto com as gotas de suor que desciam pelo seu rosto. Pisou em algo, apontou a lanterna para baixo e olhou. Havia pisado em uma cabeça. Sim, uma cabeça, ela não estava louca, pelo menos não ainda. O que ela tinha visto era realmente uma cabeça humana. Se desesperou, subiu correndo para o seu quarto, lágrimas escorriam pelo seu rosto, seu medo havia tomado conta de si. Entrou em seu quarto, fechou a porta e se virou. Os vizinhos dizem ter ouvido um grito muito alto depois disso, um grito mais alto do que um ser humano normal conseguiria gritar. Ninguém nunca mais à viu depois disso.