Votação CMP 02#

Em suas mãos eu vejo...
Escorrendo o rubor fátido.
Meu coração ainda pulsante,
Apertado por seus dedos.

Meus olhos que perdem o brilho
Da vida que um dia teve.
Ao sufocar nos último momento
Perdi o que não queria que você perdesse.

Os cravos sendo fincados no meu corpo antes da minha morte lenta.
A dor que me faz sufocar é a única coisa que me acalenta.
Sozinha, perdida, clamando por dentro.

Ao assistir meu assassino preparar cuidadosamente meu funeral...
Aquela história...
Aquilo de visualizar toda sua vida num piscar de olhos...
Nunca pensei ser verdade.

Se eu acreditasse em Deus eu pediria ajuda calorosamente.
Mesmo sem acreditar eu o fiz.

O vinagre sendo jogado no meu corpo surrado.
Minhas pernas molhadas com a urina que eu tentei segurar...
Sem conseguir me controlar, os gritos saem espontaneamente.

Nunca pensei morrer dessa forma.
Talvez um suicídio, talvez uma trágico atropelamento.
Já pensei em tantas formas de morrer...
Mas meu carrasco é alguém que eu sempre amei.

Do meu lado, conquistando minha confiança.
Por todo esse tempo, eu fui enganada.
Somente por esse momento.
O psicopata esperava.

Não eram meus sorrisos, não eram minhas feições de felicidade.
Não eram meus suspiros de amor...
Que o faziam sentir prazer profundo.
Apenas por esses momentos de angustia, desespero ele esperava.

Somente 15 anos.
Nem meu primeiro beijo, nem minha primeira vez...
Nada disso pude aproveitar.

Apenas minha própria imagem sofrida]Nos olhos doentios dele...
Minha última visão da vida.
Meu corpo coberto de sangue, meus cabelos cortados pela faca,
Meus órgãos saindo de dentro dos buracos que ele me fez.

O abraço da minha mãe, os gritos do meu pai...
Nunca me fizeram tanta falta.
Num último suspiro, numa última lágrima...
Nas minhas últimas palavras não ditas.
Eu gostaria de expressar tudo.

Meu fim é como o por-do-sol
Que claramente pede por uma nova chance no amanhã.
Apenas seu sorriso de prazer...
A última coisa que eu pude ver.

DESABAFO.

Sou amaldiçoado pelas trevas onde me perdi,
Uma escuridão repleta de melancolia é tristeza me invade.
Sugando o pouco de alegria que ainda habitava em meu ser.

Sinto uma raiva que me consome e deixa sem forças...
Queria livrar-me destes meus demônios que me cegam e me perseguem
Minhas asas foram cortadas pela vida que me humilha.

Sinto que uma espada esta gravada em meu coração.
Tão afiada e mortal! Que o faz sangrar sem parar...
Fico branco como papel, perco as forças é caio ao chão.
Meu sangue quente começa a escorrer.
Será que finalmente irei morrer?

Isso seria minha salvação, mas continuo vivo.
Com esta dor que persiste dentro do peito.
Como queria deixar minha vida mais feliz.

Mais não sei o que fazer para mudá-la
Nem tão pouco por onde começar minha jornada
Mais não posso deixar o medo me abater.
Mesmo que o beijo frio da Morte toque meus lábios

Preciso me levantar e lutar! Não deixarei tudo acabar aqui.
Lutarei e vencerei para no final do combate poder dizer:
Nada mais sou do que eu mesmo... Lutando uma batalha interminável comigo mesmo.
Enfrentando meus demônios e meus medos, mais vencendo...

Versão Interior


Minha mente sempre mostrou
Essa bisarra versão de mim
Que ninguém nunca deveria ver
Hoje vejo você continua como sempre
Mas,no fundo sei que ainda sente aquilo
Sim,Aquilo que eu um dia senti
Senti aquilo várias vezes
Sede de sangue,lágrimas,horrores
Sinto isso ainda hoje,espero que hoje...
Você possa sentir o que eu senti
Veja como é bom,sentir a escuridão,
Se entregar ao seu demonio interior.

Hoje sinto que você ainda está com medo
Medo que senti por tanto tempo
Passo para ti,meu caro amigo
Medo que um dia me matou,medo que um dia...
Irá matar mais que a mim,irá matar a todos
Por isso antes que seja tarde de mais
O demonio dentro de mim irá aparecer
Então por isso eu lhe falo,Deixe-o sair
A morte é a unica coisa que lhe espera
O demonio irá sair,você querendo ou não.

Cena no cemitério

Flores,
Doces flores
As doídas lembranças
Dos piores horrores.

Pelo pátio sombrio
Um vento empoeirado
E o som agonizante
Do portão enferrujado.

No crematório abandonado
Espalhada pelo chão
Minha alma jazida
Trancafiada em um caixão.

Meu corpo, já frio;
Fedor de carne podre
Longa espera pra me tornar
Cinzas de carvão e enxofre.

Então começa a chuva:
Gotas acinzentadas
Entram pelas fendas
Nas janelas estilhaçadas.

Em passos silenciosos
Pelas poças de lamas
As almas se debatendo
Na corrida noite insana.